AMADOS

por Deus nosso Pai tal como somos.

CHAMADOS

pelo nosso nome a uma vida plena de alegria e santidade.

ENVIADOS

aos homens do nosso tempo como testemunhas da salvação em Jesus Cristo!

UNGIDOS

no fogo, força e poder do Espírito Santo para O servir!

Top Panel

Retiro 1999

 

TÓPICOS DAS PISTAS FORNECIDAS PELO PADRE CARLOS CARNEIRO

PARA A MEDITAÇÃO PESSOAL

1º Retiro Kerygma – 5 a 7 de Março de 1999

1ª PISTA    -    3 perpectivas para meditar o Pai Nosso

a)        Deus Pai  /  Pai Deus

É a mudança radical. Deus não é Pai à semelhança do nosso pai mas o inverso: o nosso pai é que o é à semelhança do Pai.

Porquê Pai Deus?  Porque Deus é Deus, é de natureza divina, e é Pai!

Com a vinda de Jesus (novo testamento) há um salto muito grande em relação aos 10 mandamentos pois Jesus dá-nos as Bem – Aventuranças como caminho de Felicidade.  (Mt 5)

b)        Pai Nosso  /  Pai Meu

O Pai não é só meu é de todos e isso dá-nos uma nova responsabilidade. Sendo Pai de todos quer dizer que os outros são nossos irmãos e devemos amá-los como tal.

       c)    Pai de Todos

É um Pai nosso e Pai de todos. Não só daqueles que acreditam n’Ele mas também dos que não acreditam e que são também nossos irmãos.

Isto leva-nos a ser Igreja no mundo de todos.

O Pai Nosso é uma oração do Filho (Jesus) ao Pai e por isso temos de Ter muita coragem para a dizermos.

Peçamos então a Jesus que nos deixe “intrometer” na sua oração com o Pai.

 

2ª PISTA    -    Meditação sobre Ex 3, 1-15 e 1Jo 4, 7-10

Duas leituras; uma do antigo testamento e outra do novo testamento. Qual a diferença?

Em Ex 3 Moisés está descalço diante de Deus.

Porquê? Porque Deus também está descalço e depois mais tarde também Jesus vai lavar os pés aos apóstolos.

1Jo 4 incide principalmente no mote de que Deus é Amor. Moisés não podia Ter dito isto desta forma e João só o pode dizer depois de Ter conhecido Jesus

Qual o salto de Moisés a João?

  • Deus não criou o mundo. Deus está a criar o mundo.

Por exemplo, a associação Kerygma constituiu-se para também ajudar a embelezar o mundo através da arte. Nós andamos a criar o mundo colaborando com Deus e isto muda radicalmente a nossa maneira de estar no mundo. Andar a ser criado é ter liberdade. Deus não nos criou felizes, criou-nos livres para que possamos ser felizes. Então é natural que queiramos fazer parte desta criação.

  • Deus é Aquele que está connosco

A correcta tradução é que Deus está. Ele não é um Deus estático. Ele está presente, está activo no mundo. O Pai trabalha continuamente.

Mesmo que acredite em Deus, se não acredito que Ele é o Deus Vivo que age na história do mundo, então estou a ser ateu. Ele deu-Se totalmente no Seu Filho.

Se Deus é=está connosco quer dizer que nós também somos=estamos para os outros.

Amar não é querer bem ao outro, amar é querer o bem do outro.

Entre o tempo de Moisés e o de João há a experiência da actividade de Deus. Existir é participar, viver a vida de Deus. E como consigo viver a vida de Deus? Na comunidade carismática e pelo poder do Espírito Santo.

  • Se a liberdade é u m dom divino, como cristão, devo levar os outros a fazer a experiência da liberdade

Santa Teresa de Ávila dizia: “Na vida fiz sempre o que quis e fiz sempre a vontade de Deus”. Isto é obra... É acertar com tudo o que Deus quis para mim. O maior acto de fé é querer participar na vida de Deus.

Moisés descobre que Deus é activo; João descobre que a actividade de Deus é o Amor. Deus não é o Altíssimo que nos olha de cima. Deus fez-se o pequeníssimo que nos olha debaixo como fez com Zaqueu e com Pedro, o que o deixou perturbado.

O poder de Deus é apenas misericórdia. É o desafio de nos intrometermos na vida de Deus.

 

 

3ª PISTA    -    Meditação sobre Lc 17, 7-10

Só fizémos o que devíamos ter feito.

Qual o verdadeiro serviço? O que é servir?

Devo colocar a minha liberdade ao serviço da criação do mundo. Tornar-me disponível para colaborar com Deus e deixar-me contagiar pela beleza da Sua criação. Olhando para mim os outros devem perceber que Deus é Pai Nosso e está a criar o mundo.

Servir é completar o que falta na obra da criação. Estar disponível para servir é saber-se servido por Jesus que age como servo. O serviço na fé não é fazer muitas coisas. O serviço vem da intimidade com o Pai, da oração. Sem oração o que possamos fazer não passará de demagogia ou filantropismo.

O lugar da minha humildade é fazer aquilo para o qual eu tenho talento. Não é negar-me a mim próprio. Se tenho talento para presidente, o lugar da minha humildade é aí.

Jesus não vive à custa do Pai. Por isso Ele é um servidor. Na cruz Ele tem o maior serviço. Não se aproveita do Pai para nada. O Amor é um serviço. Ser servo é reconhecer-se pequeno mas capaz de ajudar os outros; viver a alegria do serviço. Todos merecem ser servidos. É dar-lhes a garantia, através da minha vida, que lhes dou o que é deles. Temos de ser servos mais interessados e mais centrados nos outros que em nós.

SOMOS INÚTEIS – o cristão para além de servir é inútil. Quer diante de Deus quer diante dos outros não reivindica direitos. Eu não ganho o céu por mérito ou direito meu; o Pai dá-nos o céu. O céu não se compra é dom de Deus que me ama sempre.

O amor que damos aos nossos filhos de carne não depende daquilo que eles nos dão.

Deus também é inútil... Deus só serve para servir.

O Amor não é um sentimento apesar de Ter várias formas sentimentais. O Amor é Deus. Servir não é fazer muitas coisas. É dar testemunho de Deus.

Nós, sozinhos, não rezamos nem sabemos rezar. O único que reza em nós é Deus que nos fala e inspira a nossa oração. Ele é que se comunica e se revela a cada um. Deus vem dizer que a criação é um serviço e que a nossa criatividade também é um serviço.

A fé não é o conteúdo teórico do credo, é a vivência prática e concreta. Ao menos que eu possa pedir a Deus que sirva para servir. Devemos ser colaboradores de Deus para transformar o mundo em reino.

 

4ª PISTA        - Meditação sobre Mt 4, 1-11   (as tentações)

O deserto é um lugar por onde se passa. Jesus é tentado a não ser Filho e a “baldar-se” ao Pai.

  • 1ª tentação – “Se és Filho de Deus, transforma as pedras em pão...”

É a tentação de pensar que Jesus, só por Ele, podia fazer tudo. Ser Messias sem o Pai.

É a nossa tentação de ser como os outros são. A tentação de não assumirmos o que somos, os nossos talentos. A tentação do imediato que nos tira a visão do futuro.

Mas calma... “...nem só de pão vive o homem...”.

  • 2ª tentação – “Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo...”

O templo é a casa de Deus e a casa de Deus não é de pedra por isso a reedificaria em 3 dias. Com Jesus a casa de Deus é todo o mundo, já não interessam as pedras do templo.

É a tentação de não querer colaborar com a criação de Deus. A tentação da escolha fácil. A tentação da eficácia da produção, do auto-engano, da magia, etc. Por vezes há mais mito que fé. É a tentação de colocar Deus ao nosso serviço e dizer a Deus o que Ele deve ou não deve fazer.

  • 3ª tentação – “Dar-Te-ei tudo o que quiseres se me adorares...”

Só Deus é digno de ser adorado. A tradução de adorar é “acolher o beijo (sopro) de Deus”. O beijo é sinal de vida do sopro que se transmite.

Mitificamos o que é falso. Adoramos o que não é Deus como se fosse Deus. Deus não é narcisista; todo Ele é voltado para fora de Si.

É a tentação de não escolhermos nada, de não querermos ser ainda mais livres. É a tentação de não sermos agradecidos.

Onde sou mais tentado? Por onde é mais fácil eu deixar cair o castelo que construo na minha vida. É viver na tentação de viver da memória de um momento de oração forte que entretanto já passou, não procurando que estes momentos sejam diários.

 

5ª PISTA    -    Meditação sobre Mc 6, 7-13   (texto do envio para a missão)

Qualquer que seja a missão, a vocação é Cristo e cada um de nós a vive de uma maneira diferente.

Como se anuncia? Em que é que Deus insiste?

  • Bagagem – a túnica, as sandálias e o cajado. Ser peregrinos. Levar o essencial

Se temos Cristo nada mais deve ofuscar a imagem d’Ele. Por vezes insistimos que enquanto não há catedrais, não há cristãos mas não é assim. Tudo no evangelho começa pelo nada. Como por exemplo a associação Kerygma ainda é uma pequena semente mas há-de ser uma árvore grande.

  • Comportamento – como são desafiados a estarem?

Entregarem-se ao essencial. Dedicarem-se a não se preocuparem com ninharias. Se forem repudiados, não são vocês mas é a Minha Palavra e se vos repudiam é porque falam de vós e não de Deus.

  • Conversão – a conversão é encontrar para a minha vida uma versão mais positiva. É uma mensagem de alegria. Sacrificar é tornar sagrado o que para mim é vida. O paradigma actual da felicidade é a facilidade e isso não pode ser caminho de felicidade.
  • Poder de Cristo– vão agir com o poder de Cristo e com este poder e por Cristo têm mais sucesso e aceitação que o próprio Cristo conseguiu. O sucesso depende da mensagem que levam que não é uma demagogia mas que é o próprio Deus.
    • Volta – eles voltam e Deus pede que descansem com Ele e n’Ele.

Entre o envio e o regresso, Marcos coloca a morte de Baptista para mostrar que enquanto os apóstolos trabalham Cristo não faz nada porque eles vão em nome de Cristo e por Cristo.

A misericórdia e o perdão são a maior forma de liberdade. Aceito o desafio de Deus para o levar a conhecer aos outros ? Aceito descansar em Deus? Sinto que é Ele que trabalha em mim?

 

6ª PISTA    -      Kerygma  (duas meditações: uma de Jesus crucificado e outra de Jesus ressuscitado)

Kerygma é o anúncio de Cristo morto e ressuscitado. É o depósito da Fé; o núcleo duro. A Páscoa: a passagem da morte para a vida

Os evangelhos são escritos do fim para o princípio. Viveram a Páscoa e só depois é que foram escrever o que aconteceu antes desta data.

*               Cristo Crucificado – meditar nas frases que Cristo disse na cruz

- Pai perdoa porque não sabem o que fazem

Transforma a dor num perdão. Não se perdoa se não se compreende o outro. Vivo mais para louvar ou para condenar? Vamos conhecer quem é o homem crucificado.

- Mulher eis o teu filho. Filho eis a tua mãe!

Jesus deixa-nos a mãe para que ela nos acompanhe na dor. Ela deu à luz o seu Filho e o Filho dá a mãe ao mundo. Nesta segunda vez dá à luz muitos filhos. Ela é o regaço de toda a humanidade porque Ele já não está connosco. Além de mãe é convidada a ser a maior discípula de seu Filho.

- Hoje mesmo estarás comigo no paraíso

Jesus abre a sua dor ao outro e o outro a Cristo. Está na dor com Jesus e Jesus leva-o consigo para o paraíso. Paraíso = viver com o Pai. É uma dor que se abre a quem também abre a sua própria dor.

- Meu Deus, Meu Deus porque me abandonaste?

Devemos perguntar para quê e para quem em vez de porquê. É a dor da incompreensão. É a dor de estar sozinho, da total pobreza e o Pai dá-nos o Seu Filho. Deus faz com o Filho aquilo que não quis que Abraão fizesse ao seu filho.

- Tenho sede

É a dor de quem não tem vergonha de pedir ajuda e aceita ser ajudado. Não tem vergonha de mostrar as suas necessidades.

-Tudo está consumado

É a dor da fidelidade total. É a dor da santidade do cumprimento do dever. Eu fiz tudo o que podia ser feito e entrego tudo.

- Pai, nas Tuas mãos entrego o meu Espírito

É a dor de perdermos tudo, da dependência do Pai. É a dor de pôr toda a Sua vida nas mãos do Pai.

*          Cristo Ressuscitado – Mc 16, 1-9

- Convite a ir ao túmulo

As mulheres assistiram à paixão e na cruz estas mulheres também morreram um pouco. Só lhes resta a memória de Jesus. As mulheres são o símbolo da fragilidade

 - Convite a entrar no túmulo

Acto de confiança. Entraram no túmulo e verificaram que Ele não estava. Confiaram que o Pai o ressuscitaria. Percebem que estavam a procurar Cristo no local errado. Ele vai ter com os seus amigos. Cristo não é o nosso maior amigo. Cristo é o nosso Deus. Elas são convidadas a fazer a experiência da Sua divindade. O Cristo ressuscitado é o que garante o perdão.

 - Convite à alegria

Ide e anunciai que Ele venceu a morte – isto é o Kerygma. O fim do mundo do pecado foi quando Ele morreu. O pecado original é a pressa. Querer ser Deus sem Deus. A reconciliação é uma recriação da minha pureza original.