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Cónego António Ferreira dos Santos galardoado com Prémio Consagração 2012

Cónego, maestro e compositor português, António Ferreira dos Santos nasceu a 26 de Junho de 1936, em Guidões, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, é uma personalidade carismática da música católica portuguesa.

Concluiu os estudos teológicos no Seminário Maior do Porto em 1959 e, revelando um natural gosto e uma finíssima sensibilidade pela música, que o ambiente familiar alimentou, frequentou o Conservatório de Música do Porto.

Em 1962, obtendo uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, foi estudar para Salzburgo e Munique com o objectivo de aperfeiçoar os seus conhecimentos musicais. Frequentou a Escola Superior de Música de Munique e, em 1970, concluiu os Cursos de Música Sacra, de Órgão, de Direcção de Coros e de Composição.

Nesse mesmo ano de 1970, regressado a Portugal, iniciou, com uma equipa formada pelos Pe. Agostinho Pedroso e Pe. Manuel Amorim, várias actividades para dinamizar a vida musical portuense e renovar a música litúrgica e a liturgia na diocese do Porto. Nesse sentido, Ferreira dos Santos fundou vários coros dos quais se destaca o Coro da Sé do Porto (1971), o Coro da Câmara do Porto (1992) e o Coro Polifónico da Igreja da Lapa (1999). Criou ainda o agrupamento de metais e tímpanos Sollemnium Concentus (1973), a Orquestra de Metais do Porto (1990) e a Orquestra Sine Nomine (2000). Fundou o Boletim de Música Litúrgica (1971). Fundou também várias instituições de ensino, como a Escola Diocesana de Música Sacra e Liturgia, a Escola das Artes da Universidade Católica do Porto (1996) da qual foi director (1996-2001) e outras, culturais, tais como a Plurifonia 2001 (2001). Lançou o movimento pró-órgão, em Portugal, o que permitiu a restauração de vários órgãos antigos de tubos e a implantação de novos, como o Grande Órgão de Tubos da Sé do Porto (1985) e o Grande Órgão de Tubos da Igreja da Lapa (1995), também no Porto. Lançou ainda, em Portugal, o Curso de Pedagogia Musical Pierre Van Hawve e organizou o Segundo Festival Internacional de Música Ibérica, no Porto, em 1987. Desde 1988, organiza anualmente temporadas de concertos sobretudo nas quadras do Natal e da Páscoa, na Igreja N. Sra. da Lapa, no Porto, da qual é reitor desde 1982.

Ferreira dos Santos está igualmente ligado a várias organizações internacionais de música, como a Universa Laus e a Conferência Europeia das Organizações da Música Sacra da qual é membro fundador e da qual já foi presidente. É ainda sócio da Academia Nacional de Belas Artes, presidente da Comissão Nacional de Música Sacra, presidente da Comissão Nacional para a Recuperação dos Órgãos Históricos Portugueses (IPPAR), presidente do Secretariado de Liturgia da Diocese do Porto, professor do Seminário Maior do Porto e conferencista. Foi membro da Comissão Instaladora da Escola Superior de Música do Porto e da Culturporto - Associação de Produção Cultural da Câmara Municipal do Porto.

Como maestro, dirigiu centenas de concertos em Portugal e em Espanha (alguns com transmissão televisiva) dos quais se salienta os concertos de S. João e de Reis, executados com 300 a 500 coralistas pertencentes a vários coros da cidade do Porto.

Enquanto compositor, escreveu concertos para órgão, mais de 2000 obras litúrgicas, 10 obras corais sinfónicas, entre as quais se destacam o Requiem à Memória do Infante D. Henrique (1994, obra encomendada pelo Governo português) e as cantatas e oratórias, tais como As Obras de Misericórdia (1990), O Bom Pastor (1991), Cântico da Criação (1992), São João de Deus (1995), O Paraíso (1996) cujo texto se baseia na obra Verbo Ser e Amar (canto primeiro) do poeta António Correia de Oliveira, a Sinfonia Coral Sinfónica Transmontana, entre outras. Em todas essas obras demonstra um notável domínio da escrita vocal ou coral e instrumental. A sua obra musical, que vai do género erudito ao popular, reflecte a modernidade de Olivier Messiaen e as estruturas formais de inspiração barroca, como a vivacidade contrapontística, influenciadas sobretudo pelo seu compositor favorito, Johann Sebastian Bach. A grandiosidade vocal e instrumental exigidas nalgumas das suas obras deixam transparecer o gosto do compositor pelas grandes massas corais, provavelmente de acordo com o sentido do canto para grandes assembleias litúrgicas. De referir também o seu trabalho pedagógico pela música, não só junto da população, educando e sensibilizando na tradição musical da Igreja Católica, como também em acções pedagógicas, nas universidades e em estabelecimentos de ensino musical. Destaca-se ainda o seu empenho em promover jovens músicos no panorama musical português de que é exemplo Filipe Veríssimo, mestre capela da Igreja da Lapa desde 2002.

Ferreira dos Santos recebeu várias condecorações nacionais e estrangeiras, tais como a Grande Cruz de Mérito Cultural da Alemanha, o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, a Medalha de Ouro da Cidade do Porto e a Medalha de Mérito Cultural da Cidade de Santo Tirso.

A sua primeira fase criativa, entre 1960 e 1990, foi especialmente voltada para a liturgia de pequenos e médios recursos musicais, contemplando todas as formas musicais, para uma e várias vozes, para coros mistos e coros de vozes iguais, para crianças e adultos, com diversos graus de dificuldade, para a missa, outros sacramentos e Liturgia das horas, valorizando o diálogo entre a assembleia, coro, solistas e pequeno coro. Revela grande preocupação com a cultura popular, composições de base tonal e grande fluência melódica. Os salmos constituem a maior base literária dos mais de mil cânticos publicados. A escrita propõe, algumas vezes, instrumentos solistas, como é o caso maioritário da flauta e o órgão, tendo em conta todas as necessidades litúrgicas e recursos dos seus intérpretes. Os seus cânticos têm estruturas variadas, conforme a função litúrgica, desde o esquema refrão-solo-refrão à execução antífona-refrão-solo-refrão-antífona, passando por momentos contrapontísticos nos cânones.
Desde 1990, numa segunda fase criativa, além do tipo de composições anteriores, dedica-se, também, a colmatar um vazio existente relativamente à composição para liturgias que envolvem maiores recursos musicais. São também consagradas outras ocasiões não litúrgicas e de música religiosa. As cantatas, em especial, incentivaram o desenvolvimento e crescimento dos coros e a relação de cooperação de vários agrupamentos musicais não litúrgicos com a música religiosa. Assim nasce uma aproximação crescente desses músicos com a fenomenologia verdadeiramente religiosa. O Requiem à memória do Infante D. Henrique, com primeira audição no Mosteiro da Batalha pelas comemorações henriquinas (1995), é o primeiro Requiem coral sinfónico em língua portuguesa. Sem ser uma obra de vanguarda, como não são as outras obras do compositor, revela um grande domínio da música sacra em todos os seus âmbitos, desde a tradição gregoriana à obra de Messiaen, e liberdade em relação às correntes estéticas, sempre sensível e arrebatada no respeito pelas liturgia.

Fomenta na Igreja em Portugal uma crescente qualidade na música para o culto e cria estruturas de formação continuada para a música na liturgia. Continua a proporcionar uma aproximação de colaboração crescente dos vários músicos fiéis ao fenómeno crescente da música sacra (liturgia) e de concerto. Foi incluído numa lista dos 40 principais compositores da História da Música em Portugal.